Cadê o vinho que estava aqui?

Deixe um vinho por décadas dentro da garrafa, e você vai observar um fenômeno interessante: aos poucos, o nível do vinho vai diminuir.

Na verdade, toda garrafa de vinho, jovem ou velho, tem um “espaço vazio”. Ou seja, nenhum produtor preenche a garrafa de vinho na sua totalidade, antes de fechá-la.

Esse espaço livre serve, por exemplo, para permitir uma possível expansão do líquido, sem o rompimento da garrafa.

Aqui cabe uma observação. Já aconteceu de você congelar alguma coisa em vidro, sem deixar uma folga até o gargalo, e o vidro estourar dentro do freezer? Pois bem, se houvesse tal espaço livre, isso não teria acontecido.

Chamamos esse espaço livre da garrafa de vinho de ullage, que pronuncia-se como se fosse “ãladge”.

Ullage vem do latim oculus, que significa “olho”. Os romanos usavam a palavra oculus, no sentido figurado, para se referir ao buraco de um barril. Na Idade Média, o idioma francês, que encontra a origem de parte do seu vocabulário no latim, passou a adotar o termo oeil (olho), e depois o verbo ouiller, para o processo de preenchimento de um barril. Daí surgiram as palavras ouillage em francês, e ullage, em inglês.

Mas vamos à parte prática: Para que serve conhecer esse assunto? Resposta: Para saber se há, por exemplo, algum problema de vedação ou de armazenagem, que possa ter comprometido o vinho! É bem simples, acompanhe!

Olhando para uma garrafa de vinho jovem, é normal que o vinho esteja preenchido até quase alcançar a cápsula que envolve o gargalo. O tamanho do espaço vazio esperado, nesse caso, é de mais ou menos apenas 0,3 cm.

Mas um espaço um pouco maior, contanto que ainda limitado somente ao pescoço da garrafa, é considerado normal, não sendo um indicativo de problema em nenhum vinho, jovem ou velho.

Agora, quando esse espaço vazio começa a ultrapassar o pescoço em direção ao ombro da garrafa, é preciso mais atenção. Um vinho jovem, que apresente essa condição, provavelmente tem algum problema de vedação, e não deve estar em condições ideais para consumo.

Quanto mais velho o vinho for, maior tende a ser esse espaço vazio. Contudo, quando o nível de preenchimento do vinho estiver aproximando-se do final do ombro da garrafa, provavelmente esse vinho terá oxidado, e talvez já tenha deixado de ser bebível.

Mas para onde vai esse vinho, que naturalmente vai sumindo aos poucos? Como isso acontece?

 Parte do vinho que desaparece, na verdade evaporou. O fechamento da garrafa com rolha não é um processo absolutamente hermético, permitindo, assim, uma microevaporação, que com o tempo torna-se perceptível.

 Outra pequena parte do vinho pode ter sido absorvida pela cortiça, ao longo do tempo, em garrafas armazenadas deitadas.

E quais problemas podem acelerar o aumento desse espaço?

 Exposição ou armazenagem em ambientes muito secos, que podem ter feito o vinho não somente evaporar mais do que o esperado, como também oxidar. Se quiser ler mais sobre isso, clique aqui.

 Vedação comprometida por outros motivos quaisquer, inclusive de qualidade de fabricação, e que pode ter feito o vinho não somente evaporar mais do que o esperado, como também oxidar, ou até mesmo estar de alguma forma contaminado.

Viu como é útil, sim, saber sempre um pouco mais? Como dizem, conhecimento nunca é demais! Saúde!




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